Inauguração de mirante foge de polêmica e não menciona Cila Quintino.
Acontece nesta sexta-feira (23/9) a inauguração do mirante no encontro dos rios Tocantins e Itacaiunas, na extensão da Orla de Marabá, no Bairro Francisco Coelho. No convite divulgado pela Prefeitura de Marabá, responsável pela execução da obra, um detalhe chama a atenção: a ausência do nome de Cila Quintino, cuja homenagem foi instituída por Decreto Legislativo na Câmara Municipal de Marabá (CMM). O espaço está sendo denominado de “Orla Encontro dos Rios”.
Conforme revelado pelo Portal Debate nesta segunda-feira (19/9), moradores do Bairro Francisco Coelho, no Núcleo Marabá Pioneira, mobilizam nas redes sociais um bloqueio com exibição de faixas e cartazes na via de acesso à extensão da Orla no momento da inauguração. A comunidade questiona o nome Cila Quintino alegando que a falecida empresária do ramo de casas noturnas depreciava a imagem do bairro.
“A gente não quer esse nome, porque ela (Cila) não nos representa. Primeiro porque não era moradora do bairro. Segundo que afirmava aos quatro cantos que não gostava de pobre e preto. E ainda mais um terceiro ponto, que ela dizia que no Cabelo Seco só tinha drogado, maconheiro e ladrão. Esse nome fere a nossa comunidade e a história do nosso bairro”, afirma Ana Luiza, liderança do Bairro Francisco Coelho.
Procurada pela reportagem do diário de notícias, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Marabá (Secom PMM) garante que o nome “Orla Encontro dos Rios” é provisório, até que o nome oficial seja definido com a comunidade, mesmo que já exista o Decreto Legislativo Municipal instituindo o nome de Cila Quintino para o local.
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Formada em Economia, Cila Quintino — nome de Cecília Maria da Silva Quintino — é uma falecida empresária que foi proprietária de casas noturnas na cidade (Vitrine 403 e Farol). Além disso, ela era irmã do vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito, atual vice-presidente da Câmara Municipal de Marabá.
Na justificativa do Projeto de Decreto Legislativo, os vereadores Coronel Araújo e Alecio da Palmiteira, que propuseram a homenagem, apontaram que “Cila Quintino sempre lutou contra o preconceito, desigualdade social e igualdade entre homens e mulheres, participando ativamente de movimentos em prol das mulheres. Era uma mulher negra que sofria preconceito em uma sociedade machista e de classe predominantemente branca, mas nem por isso se abatia, pois era uma mulher extremamente guerreira e justa, sempre ajudando e cuidando do próximo”.
Os moradores do Bairro Francisco Coelho, porém, apontam que Cila Quintino praticava racismo e discriminação contra a comunidade local, daí a rejeição ao seu nome para o tão esperado mirante na confluência dos dois rios que banham o município do sudeste paraense.