Quem é o General Gonçalves Dias, Ministro do GSI de Lula, filmado na invasão ao Planalto

Gonçalves Dias foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe do GSI no final de dezembro do ano passado e assumiu o gabinete em 1º de janeiro de 2023. Com um pouco mais de cem dias no cargo, o general viu sua permanência na posição ficar insustentável e, assim, se tornou o primeiro representante de um ministério no atual governo petista a deixar o mandato.

Durante os primeiros mandatos de Lula, entre 2003 e 2009, Dias foi secretário de Segurança da Presidência da República. Ele também foi assessor e chefe do Gabinete de Segurança Institucional no governo de Dilma Rousseff, entre novembro de 2013 e setembro de 2014.

Nascido em Americana, no Estado de São Paulo, Dias tem 73 anos e construiu sua carreira no Exército.

Ele concluiu a Academia Militar das Agulhas Negras em 1975. Comandou o 19º Batalhão de Infantaria Motorizada, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, entre janeiro de 1999 e janeiro 2001; foi oficial de Operações do Comando da Amazônia, Observador Militar das Nações Unidas na América Central e Diretor do Departamento de Segurança. Foi promovido General de Brigada em março de 2006.

Um relatório enviado à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso Nacional, mostra que o GSI avisou o governo sobre a invasão extremista em 8 de janeiro. O alerta foi proferido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que identificou a convocação de caravanas com direção à Brasília para a realização das manifestações golpistas.

Lula sabia desde aquele domingo que Dias, seu homem de confiança, estava no prédio invadido. Os dois conversaram em várias ocasiões em meio ao ataque. No entanto, após a invasão, o presidente disse não entender a razão pela qual o GSI não se preparou para impedir a entrada dos vândalos no Planalto. Para Lula, alguém deixou a porta do Planalto aberta para a invasão, uma suspeita de sabotagem. O presidente acreditava, até então, que eram nomes ligados ao general Augusto Heleno, que antecedeu Gonçalves Dias no governo de Jair Bolsonaro.

Dias avisou a Lula que iria exonerar todos os servidores, civis ou militares, que estavam diretamente ligados a Heleno. Outras posições, no entanto, foram mantidas, como os secretários do segundo escalão do GSI. A avaliação inicial era de que o núcleo de assessores diretos de Heleno estava mais politizado, enquanto outros fardados na estrutura da pasta atuavam de forma técnica.

O ministro evitava ao máximo dar declarações públicas. Sob pressão, o Gonçalves Dias teria dito a interlocutores que, como general reformado, com 44 anos de Exército, estava preparado para se defender de “fogo amigo ou fogo inimigo”. Apesar do desgaste em janeiro, Lula não tinha avançado na discussão para o ponto de substituí-lo. Em duro recado, o presidente chegou a dizer a Dias que ele precisava “assumir o controle” e “tomar conta” da pasta o quanto antes, segundo ministros.

Após a invasão, Gonçalves Dias recomendou o governo a colocar sob sigilo as imagens da invasão ao Palácio do Planalto. O então ministro argumentou, na ocasião, que “não é razoável” o compartilhamento da íntegra das imagens por expor informações de métodos, equipamentos, procedimentos operacionais e recursos humanos da segurança presidencial.

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