Água e esgoto: Marabá figura em ranking das dez piores cidades do Brasil

Estudo é relativo a 2021. Ananindeua, Belém e Santarém são os outros municípios paraenses na lista

Esgoto despejado na orla de Marabá

O Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados realizou o Ranking do Saneamento que avalia os indicadores de saneamento básico dos cem maiores municípios do Brasil. O estudo faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do ano de 2021, publicado pelo Ministério das Cidades, e destaca que o tratamento de esgoto é 340% maior nos 20 municípios mais bem colocados do que nos 20 piores do Brasil.

No Pará, as cidades de Marabá, Belém, Ananindeua e Santarém estão entre as dez piores do país, em condições precárias de água e esgoto para a população. A lista é encabeçada por Ananindeua, a capital do estado é a quinta, Santarém fica em sétimo e Marabá figura em nono.

Com uma diferença de três dígitos entre os melhores e os piores classificados, o ranking evidencia a desigualdade na qualidade de vida entre as grandes cidades brasileiras. Nas 20 primeiras posições, aparecem aquelas em que quase a totalidade dos moradores têm acesso a água potável e coleta de esgoto. Já nas 20 últimas, estão os municípios em que três a cada dez moradores não têm acesso à coleta de esgoto.

Em Marabá, a falta de acesso à água potável impacta quase 70% dos 266 mil habitantes e cerca de 263 mil não possuem acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde da população, que diariamente sofre com hospitalização por doenças de veiculação hídrica.

Marabá até possui uma Estação de Tratamento de Esgoto, mas esta é subutilizada porque os moradores, em geral, não querem pagar uma taxa extra que vem inclusa na conta de água. Núcleos habitacionais inteiros, como São Félix, Morada Nova, por exemplo, não têm sistema de tratamento de água e mais de 70 mil habitantes de ambos consomem água de poços – a maioria a céu aberto.

Os dados do SNIS apontam que o país ainda tem grandes dificuldades com o tratamento do esgoto, do qual somente 51,2% do volume gerado é tratado – isto é, mais de 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente.

Luana Siewert Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, destaca a necessidade de se prestar atenção à disparidade existente entre os municípios e que o volume de esgoto sem tratamento despejado na natureza também é alarmante.

“Nesta edição do ranking, é observado que além da necessidade de os municípios alcançarem o acesso pleno do acesso à água potável e atendimento de coleta de esgoto, o tratamento dos esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado. Imagine o volume de 5,5 mil piscinas olímpicas,” exemplifica. “Essa é a carga poluente de esgoto não tratado no Brasil despejado irregularmente nos rios, mares e lagos todos os dias – quase 2 milhões de piscinas olímpicas por ano –, que corrobora para a degradação do meio ambiente e, principalmente, impacta negativamente a saúde da população”. 

A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Marabá informa que cabe ao município a promoção de obras de drenagem e limpeza das águas pluviais. A nota diz ainda que Marabá, nos últimos anos, tem realizado o maior programa de drenagem de águas pluviais do estado, mas que enfrenta um problema crônico, que são as habitações em áreas de alagamento abaixo da cota 82, onde as moradias são proibidas por lei. Em outras palavras, o saneamento básico compete ao estado, por meio de concessão à Cosanpa.

Já a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), por sua vez, argumenta que contratou uma operação de crédito para a viabilização do projeto de Desenvolvimento do Saneamento no Pará. Os investimentos serão feitos para melhorar a qualidade de vida da população em todos os municípios do estado.

Veja quais são os dez piores colocados no Ranking:

  1. Ananindeua (PA)
  2. Várzea Grande (MT)
  3. Maceió (AL)
  4. Rio Branco (AC)
  5. Belém (PA)
  6. São Gonçalo (RJ)
  7. Santarém (PA)
  8. Porto Velho (RO)
  9. Marabá (PA)
  10. Macapá (AP)

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