Buritirama vira as costas para Marabá e vai investir no CT do Remo

Empresa está instalada no município de Marabá, não apoia o Águia, dá calote na Cfem e foge das obrigações firmadas com entidades

Considerada por vários vereadores da Câmara Municipal de Marabá como uma das piores empresas para o município, a Mineração Buritirama acaba de dar mais um motivo para fortalecer esse rótulo: ignorou solenemente a boa fase do Águia de Marabá na atual temporada e decidiu fazer investimentos no Centro de Treinamento (CT) do Clube do Remo, em Outeiro, na Grande Belém.

O anunciou foi feito nesta quarta-feira, dia 21, por meio de uma live em rede social entre o presidente do Remo, Fábio Bentes, e Gustavo Fonseca, advogado e membro do Conselho de Administração da Buritirama.

Ao mesmo tempo, houve a divulgação de uma nota do próprio Clube do Remo, com o seguinte teor: “É com alegria que o Rei da Amazônia anuncia parceria com a Buritirama, empresa que está presente em cinco estados brasileiros. O Clube entende que a empresa compartilha de valores fundamentais para uma empresa no Norte do país, como uma política ambiental pautada pela filosofia do desenvolvimento sustentável e com compromisso com o Pará e a Amazônia”.

Nem o Remo, nem a Buritirama revelou quanto a empresa vai aplicar no clube da Capital – embora sua mina de extração de manganês esteja instalada em Marabá. Mas, com o dinheiro, o presidente prometeu novos investimentos no CT e, inclusive, a construção de mais um campo.

A notícia, claro, caiu como uma bomba em Marabá.

O vice-presidente do Águia de Marabá, Pedrinho Corrêa, lamentou a decisão da empresa. Ele informou que em 2021 a empresa chegou a ajudar o Azulão, mas em 2022 negou a contribuir financeiramente com o clube, alegando que passava por dificuldades financeiras, garantindo que voltaria a apoiar o clube em 2023. “Assim que saiu essa notícia, ontem, ligamos para o representante da Buritirama em Marabá e ele disse que também estava surpresa com esse anúncio”.

O presidente da Fundação Cultural do Pará, Thiago Miranda, filho de Marabá, também se posicionou sobre o assunto em suas redes sociais: “Uma vergonha. Uma empresa que sobrevive da exploração do solo marabaense. Que destrói todas as nossas vicinais com carretas com triplo ou quádruplo do peso permitido. Que soma dezenas de milhões em impostos atrasados com o município, agora apoia time da capital. Um completo descaso”.

Quem também desabafou na mesma rede social foi Eulidio Carvalho: “Buritirama aqui em Marabá e vai ajudar o Remo? Vamos fechar as estradas agora”, ameaçou.

Pedro Bentes anunciou na live que dará nome ao Centro de Treinamento do Remo em Outeiro de “CT do Rei Buritirama”. Segundo ele, a companhia está alinhada com os valores do Remo, na questão ambiental. “Estamos há algum tempo no estado e entendemos que precisamos agregar com instituições que estão estabelecidas aqui. O clube tem um trabalho social e também voltado ao meio ambiente muito importantes. Esperamos que esse seja o início, temos uma parceria importante”.

O vereador Ilker Moraes, durante audiência pública que mostrou que a arrecadação com a Cfem caiu em Marabá no primeiro quadrimestre de 2023, apontou como uma das responsáveis a empresa Buritirama, que desde julho de 2021 deixou de recolher o imposto, do qual 65% beneficia Marabá: “A Buritirama é a maior caloteira de Marabá atualmente. Precisamos ir à Imprensa, começar a desgastar a empresa. Estão funcionando através de uma liminar judicial. A CPI é um caminho, mas é importante o município acionar a Agência Nacional de Mineração para controlar isso. A empresa só que enrolar, não paga Cfem há mais de dois anos”, desabafou.

O presidente da Câmara, Alecio Stringari, também esboçou revolta com a situação: “É preciso resgatar a dívida com a Buritirama, que não contribui com a estradas vicinais, e nem repassa os valores relativos às condicionantes firmadas com o MPPA e a Prefeitura de Marabá. Ficou mais cômodo para ela acumular a dívida com ANM do que antes, quando pagava. Agora não têm responsabilidade de fazer estrada, de colocar caminhão pipa e nem patrol para recuperar os trechos mais críticos. A empresa passou de todos os limites. Querem ir para o enfrentamento”, avalia.

Levantamentos oficiais junto à ANM apontam que a dívida da Buritirama com a Cfem ultrapassaria a cifra de R$ 100 milhões.

(Informações: ZeDudu e Veja Marabá)

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