Suposto silêncio da vice-governadora eleita sobre apoio do governo Helder à eleição de Lula incomoda secretários.

A intrincada montanha política no Pará pariu um rato. Intrincada porque, apesar das pressões sobre todos os setores da máquina pública, deputados eleitos ou não, e prefeitos, o governador Helder Barbalho não tem garantia de que sua estratégia – ‘democrática e com amor’, para usar uma expressão deles mesmo – terá o retorno desejado, isto é, ampliar a vantagem e garantir a vitória do ex-presidente Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições, no próximo dia 30. Urnas são, às vezes, caixa de Pandora, mas, principalmente, caixinhas de surpresas. Quanto ao rato… o rato veste saias. Explica-se.

Embarca, não embarca

Tem causado estranheza, quando não, desconforto para alguns integrantes do governo Helder Barbalho, a postura da vice-governadora eleita, Hanna Ghassan, com relação à desesperada campanha deslanchada no Estado em favor da eleição do ex-presidente Lula. Secretários de Estado que todos os dias são cobrados direta ou indiretamente pelo governador e seu staff, praticamente todos monitorados em suas redes sociais de manhã, à tarde e à noite confidenciam que a ex-secretária eleita por Helder não costuma fazer manifestações públicas segundo o script do governador do Estado.

Avesso do avesso

Cheira a intriga. Afinal, Hanna Ghassan é uma técnica avessa à política. Foi escolhida para o cargo de vice-governadora pela fidelidade a Helder, com quem trabalha desde a Prefeitura de Ananindeua. Hanna está para Helder Barbalho, o filho, como Maria Eugênia Rios esteve para Jader Barbalho, o pai. Os bons entendedores entenderão, a história conta.

Patrulhamento geral

Dois secretários ouvidos pela coluna, aliás, confirmam que o núcleo político do governo monitora em ritmo intenso as redes sociais de cargos de confiança, prefeitos, deputados e lideranças políticas, a partir da Casa Militar. Também confirmam as pressões por parte do Palácio do Governo, de setores do PT comandados pelo senador eleito Beto Faro, do MDB presidido por Jader Filho e, por óbvio, do governador. Rumores nós corredores palacianos são conta de suposto descontentamento da vice-governadora com a ‘possibilidade de mudança’ dos titulares das pastas da Educação e Planejamento na nova gestão, ambas ligados a ela – os secretários Elieth Braga, na Seduc, e Ivaldo Ledo, na Seplad.

Questão ideológica?

Também há quem diga que a questão de Hanna é ideológica. Mesmo eleita e funcionária pública de carreira, a vice-governadora Hanna Ghassan teria ojeriza ao PT. Como se vê, há oposição no governo, a ponto de não perceber que vice, até prova em contrário, é apenas vice.

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